segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Uma breve descrição da Rota na sua primeira vez

13 de Outubro de 2007 - 7h.16min - Piscinas de Torres Novas

As primeiras pedaladas para fazer a Rota e cumprir o Desafio começam a ser dadas. Como é lógico, cabia-nos a nós (a mim, ao Miguel Tolda e ao Paulo Alípio com a companhia nos primeiros quilómetros do Carlos Marques) a estreia do percurso. E claro que a estreia pressuponha realizar todo o percurso da Rota de acordo com as regras do Desafio Triumviratum. O nascer do sol acompanhou-nos nos primeiros qulómetros deixando Torres Novas e trouxe cores fantásticas no percurso sobre o Vale do Alvorão. Os primeiros trilhos de piso rápido em descida mas com alguma pedra à mistura, estavam aí e depressa nos levaram às imediações da Serra D'Aire. Após passar por Adofreire e Pafarrão a primeira subida do dia digna desse nome, levou-nos para a zona de planalto nas imediações de um dos locais emblemáticos de passagem da Rota - os Moinhos da Pena. Atravessamos a estrada nacional próxima e dirigimo-nos para a Bezelga de Cima local onde o percurso ia abandonar o concelho de Torres Novas em direcção a Tomar. É a vez do Miguel pegar no percurso e após alguns inevitáveis quilómetros em alcatrão entramos numa interessante zona de pinhal onde os singletracks fazem a sua aparição. Aproximamo-nos de Tomar, passando pela Quinta da Anunciada e logo após esta, a visão deslumbrante do aqueduto de Pegões. Uma descida por mais um singletrack e entramos em Tomar, onde fazemos uma primeira curta paragem, após 33 km percorridos e mais de 2 horas de trajecto.
A saída de Tomar faz-se, subindo ao lado do Convento de Cristo que proporciona mais um momento de interesse fotográfico. Nada comparado com o que nos espera, a travessia (por cima) do aqueduto de Pegões que proporcionou as mais belas paisagens e fotos de toda a rota (ora espreitem no arquivo fotográfico). Apesar de ser preciso algum cuidado nesta passagem "aérea" e de este ter/dever ser feito empurrando a bici, pela sua singularidade e beleza decidimos manter este troço até por ser a melhor saída de continuidade para o resto do percurso. Do Miguel menos não seria de esperar que : interessantes trilhos (com mais alguns singletracks à mistura) em que por vezes voltamos a deparar com o aqueduto e as primeiras subidas / rampitas a sucederem-se mais do que o desejado. Após uma passagem (elevada) cruzando a linha do Norte, entramos numa zona bem diferente em termos de piso e paisagem ao aproximamo-nos de Vilar dos Prazeres e do concelho de Ourém. Avistar o castelo de Ourém serve para compensar os primeiros sinais de cansaço que começam a surgir. Após alguns quilómetros a descer e no plano, aproxima-se a longa mas pouco exigente subida que nos vai levar à zona de Fátima e a Santa Catarina da Serra. É tempo de uma paragem longa num snack-bar, junto à estrada nacional, para restabelecer forças com uma sopa, comida transportada nos CamelBags e umas bebidas frescas que o calor apesar de estarmos em Outubro apertava um pouco. Agora é o Paulo Alípio que toma as rédeas do percurso e surpresa das surpresas, apesar de estarmos numa zona densamente habitada, andamos quase sempre por terra, em caminhos variados e interessantes com mais singletracks pelo meio. Estamos em Leiria, pouco depois das 14.30 horas, quase com 90 kms percorridos. Tempo para uma foto na Fonte Luminosa e abastecimento de água num café e lá entramos para o último troço.
A saída de Leiria, faz-se por um jardim mas principalmente por inevitáveis estradas alcatroadas. Não são muitos quilómetros neste piso, pois quase de seguida entramos novamente no "mato", agora com a proximidade da anunciada mais longa subida da jornada.
São mais de 15 km, quase sempre a subir, em belos trilhos encaixados em diferentes vales (Curvachia, Maninho e Mochos). Foi no meio destes, que se cumpriram os 100 km da rota, momento aproveitado para uma foto e uma pequena paragem para estender as já doridas pernas. A demorada ascensão provocou um natural desgaste e motivou uma última paragem para repor energias e preparar para o último troço entre São Mamede e Torres Novas. Esta parte da rota é a mais favorável, quase sempre plana ou em descida. Ao percorrer os verdejantes e empedrados caminhos na zona de São Mamede, apreciar a qualidade e beleza dos mesmos já se torna difícil pelos muitos quilómetros nas pernas. Entramos na zona de Boleiros em direcção ao Bairro (local das Pegadas dos Dinossáurios) sempre percorrendo (torneando) a Serra D'Aire pelo seu sopé. A reentrada no concelho de Torres Novas, proporciona a mais longa descida da tirada, ao longo da qual nos é permitido apreciar as panorâmicas "até onde a vista alcança", sobre o vale do Tejo. Os caminhos desta Serra são como os BTT conhecedores saberão, bem desafiantes e apelativos, mas a rota não permite os desvios que a zona mereceria. Como a vontade de chegar a aumentar, percorremos os últimos quilómetros em quase silêncio e rapidamente nos aproximamos de Torres Novas. Passagem pelo centro da cidade, com a inevitável subida ao castelo e o aproximar do fim. A tentativa de chegar com menos de 11 horas de viagem nem sequer é importante pelo que acabamos por ultrapassar este tempo em apenas alguns segundos, quando pelas 18 horas 16 minutos regressamos ao ponto de partida. Estava cumprido o desafio. A satisfação era evidente sobrepondo-se ao cansaço. Satisfação não principalmente pelo desafio cumprido, mas sim por ter sido criada uma interessante Rota, à disposição de todos e de um BTT Desafio ao alcance de muitos. Assim queiram aceitar o nosso convite.

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